Neurociência para líderes - Resenha crítica - Nikolaos Dimitriadis
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Neurociência para líderes - resenha crítica

Neurociência para líderes Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
Gestão & Liderança

Este microbook é uma resenha crítica da obra: Neuroscience for Leaders

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 978-65-5609-133-4

Editora: Universo dos livros

Resenha crítica

A liderança é uma atitude

A liderança é um mistério antigo. Esteve na mente de filósofos, cientistas e profissionais por muito tempo. Ninguém sabe o que define um bom líder. A questão é complicada e imprecisa. Muitos modelos apareceram e não deram uma resposta satisfatória. Mas os autores acreditam que o enigma finalmente tenha sido respondido.

Liderar não é ciência. Também não é arte. Na verdade, é uma atitude, que depende de pensamentos, comportamentos e emoções. Por isso, pode aparecer em qualquer parte da hierarquia, não só no topo. Isso vem do campo da “neuroliderança”, o estudo das relações dos líderes e seus seguidores com a ótica da neurociência.

Para trazer a teoria para prática, os autores propõem uma abordagem de liderança que se baseia na capacidade de adaptação do cérebro. Para isso, se inspiram em neurociência, psicologia, economia comportamental, sociologia e ciências administrativas. 

Os três cérebros

Uma forma de entender o cérebro é dividindo-o  em três partes, chamadas de “três cérebros”. O primeiro é o basal, instintivo, primitivo ou reptiliano. É onde fica a medula oblonga, o cerebelo e a ponte. Esse é responsável pelos comportamentos automáticos e por funções corporais, como batimentos cardíacos e sono.

O segundo é o cérebro mamífero. É a região do sistema límbico e das reações emocionais. Nele, estão a amígdala e o núcleo accumbens, centros ligados às emoções, aos comportamentos sociais e à busca por recompensa. É também a parte que influencia o humor. 

O terceiro é o cérebro racional. É a parte ligada ao processamento mais sofisticado de informações e habilidades cognitivas. Também é onde reside a memória. Sua função é o que nos permite falar um idioma, imaginar coisas e ter ideias. Um bom funcionamento dessa etapa torna possível armazenar dados e processá-los.

Líderes inspiradores são líderes conectados

O aspecto social importa na liderança. É o pilar mais relevante, já que liderar é interagir socialmente. Nenhum líder é inspirador se as pessoas não se conectarem profundamente a ele. Para que isso aconteça, os gestores precisam desenvolver seu próprio radar social e identificar oportunidades de relações.

Só essa habilidade já é capaz de aumentar dramaticamente a eficiência como líder. Uma forma de fazer isso é usando a tendência de imitação do cérebro a seu favor. Tenha o tipo de conduta que gostaria que os outros tivessem. Use-se de exemplo para criar uma boa cultura corporativa. 

Cuidar de redes de contato humano aumenta seu status como líder. Isso é útil para criar uma conexão poderosa com as pessoas dentro e fora da empresa. As relações se nutrem pela comunicação, uma ferramenta para criar a resposta comportamental que desejamos. Para que ela funcione, precisamos ser persuasivos.

Os limites da energia mental

Líderes enfrentam alguns desafios ligados à sobrecarga de trabalho. O multitarefas, o esgotamento do ego e o burnout são exemplos. O excesso de estímulos drena a energia cerebral, ligada ao autocontrole, resiliência e capacidade de completar tarefas. Deixe o cérebro ter poder e você será um líder poderoso. 

Você é o guardião da energia do próprio cérebro. Deve protegê-la e direcioná-la para onde é mais útil. Talvez você já tenha se deparado com esse fenômeno em seu trabalho, ao comparecer em alguma reunião com líderes em estado de esgotamento. O cansaço os leva a colapsos emocionais e deixa tudo mais tenso.

Às vezes, estágios centrais do trabalho, como apresentações importantes ou sessões de feedback, acontecem quando as pessoas estão sobrecarregadas. Embora o estereótipo sugira que a função seja ocupada por workaholics incansáveis, a realidade é bem diferente. A ciência mostra que o cérebro tem limites. Se eles são cruzados, seu autocontrole vai embora.

O cérebro primitivo

Apesar dos avanços da nossa capacidade cognitiva, não estamos livres da parte primitiva do cérebro. Nossas mentes ainda se relacionam com as estruturas neurológicas irracionais. Ter consciência dessa propensão nos deixa mais resistentes ao efeito da dopamina e à atração dos vieses cognitivos, abrindo espaço para o raciocínio claro.

Se percebermos os vieses e mantermos o pensamento crítico, conseguimos passar instruções mais claras para as equipes e melhoramos nosso raciocínio estratégico. Isso é importante porque as armadilhas intelectuais estão sempre à espreita. Muitos gestores erram ao fazer uma aposta alta com base em um raciocínio errado, ainda que parecesse certo.

O cérebro prega peças porque não foi projetado para situações de incerteza. É uma proteção evolutiva projetada para lidar com os predadores pré-históricos. A herança disso é a tendência da mente de dar respostas rápidas sem uma boa cadeia de pensamentos que a justifique. Por isso, líderes precisam ser prudentes em suas decisões.

Um cérebro mutável

O mundo é imprevisível, rápido e dinâmico. Estamos imersos em incerteza e informação. Se o paradigma anterior da sociedade era a burocracia, o atual é a infocracia. Esse defende que o poder não está nos escritórios, mas em todas as entidades sociais. Agora, todos são um componente importante do sistema social.

Os líderes entenderão que não são mais participantes passivos da sociedade. Mas para que possam ser ativos, precisam se desenvolver. A neurociência traz uma mensagem otimista nesse sentido. Se chama “neuroplasticidade”. O cérebro não é estático durante a vida. Pelo contrário: ele muda de forma todos os dias.

A neuroplasticidade é a habilidade do cérebro de mudar, criar novas conexões neurais, treinar-se e adaptar-se. Isso depende da genética, de nós mesmos e do ambiente. Até na terceira idade o cérebro muda. Por isso, ele é a chave para a nova liderança. Nela, há uma adaptação constante em um mundo complexo.

A neuroplasticidade

Uma das razões pelas quais o cérebro chama tanta atenção é a neuroplasticidade. O órgão muda durante nossas vidas, de acordo com a forma com a qual o usamos. Os líderes podem tirar vantagem desse fenômeno e se esforçar para aprender mais rápido e realizar mais coisas. Por isso, vale trabalhar pelo desenvolvimento do cérebro.

Treine a memória, use a criatividade e aposte em uma mentalidade de crescimento. Esse é o caminho para ter liderados mais devotados a você. Afinal, uma liderança só é forte se for fundamentada em um bom desempenho. Isso pode ser ajudado pela neuroplasticidade.

A capacidade do cérebro de mudar de forma biologicamente intriga os cientistas e tem uso para a liderança. Para usar a neuroplasticidade a seu favor, reconheça a importância da tarefa à sua frente e lute para desenvolver o comprometimento e a resiliência. Exercite seu cérebro pensando e agindo frequentemente como um líder para melhorar sua capacidade de liderança.

Não deixe de se emocionar

As emoções têm utilidade para o cérebro. Elas nos ajudam a pensar rápido e são poderosos motivadores. A neurociência mostra que os sentimentos também são estimuladores da capacidade cognitiva e ajudam a melhorar o desempenho da equipe com em um contágio emocional. Os líderes precisam usá-los para calibrar seu método de liderança. 

A inteligência emocional também tem papel central. Precisamos conhecer nossos próprios humores e superar o mito de que emoções são incompatíveis com negócios. Sua origem está em um erro de interpretação da natureza humana. A ciência e o pensamento renascentista sugeriram que o ápice da experiência é a razão.

As emoções seriam um estado animalístico, que precisaria ser evitado. A ciência administrativa levou a aversão às emoções a sério, encabeçada por pensadores como Taylor, Fayol e Weber. Mas a neurociência vai na contramão dessa ideia e mostra que a liderança é, na verdade, uma habilidade emocional. Os sentimentos importam tanto quanto a lógica nas decisões.

A importância evolutiva das emoções

A neurociência mostra que a emoção não é um retrocesso na racionalidade iluminista. Na verdade, ela evoluiu para nos ajudar em tarefas importantes. O estudo das expressões faciais e da química neurológica mostra que nossas chances de sobrevivência aumentaram por isso. Uma boa liderança depende de entender como as emoções funcionam.

Tenha em mente que as expressões faciais transmitem informações. Familiarize-se com a natureza do que você sente. O cérebro é, principalmente, um órgão emocional. Sentimentos positivos e negativos têm seu papel. Nem sempre percebemos isso porque o mundo corporativo sempre evitou discussões sérias sobre emoções. Até o medo, tão abominado nas empresas, tem um papel importante.

Funcionários movidos pelo temor de perder um prazo tendem a trabalhar arduamente, por exemplo. As visões simplistas das emoções ignoram as conclusões da neurociência e se baseiam em princípios antiquados da administração. A inteligência emocional tem um poder enorme para mover as pessoas e não pode ser ignorada pelo líder.

Ouça sua intuição

Já passamos da metade deste microbook e os autores contam sobre a importância da intuição. A hipotética supremacia do pensamento sobre os sentimentos instintivos é um mito. Não podemos agir conscientemente na maior parte do tempo e é bom que seja assim. É neurologicamente impossível ignorar a influência intuitiva nas decisões.

Ainda que fosse possível, seria perigoso. A intuição é um mecanismo necessário para a vida cotidiana. Quando nosso cérebro deixa algumas tarefas a cargo dos instintos, temos espaço livre para que a mente se concentre em outros assuntos. Use a automaticidade como um elemento-chave. Entenda que a intuição e os hábitos trabalham juntos para um pensamento rápido e focado.

É utópico pensar que estamos sempre no controle de nós mesmos. É o cérebro que está. Nem sempre vamos para a direção que queremos. Mas isso se deve à sabedoria instintiva do inconsciente. Não é um problema. Abrace o pensamento intuitivo, porque é o que permite decisões rápidas.

Não dá para liderar sendo uma ilha

O líder não é uma ilha. Pelo contrário, é quem facilita as relações no trabalho. Por isso, precisa recalibrar o cérebro para prestar atenção nos próprios comportamentos sociais. O principal fundamento é o de contribuir primeiro, reciprocar depois. Não seja o tipo de pessoa que apenas cobra os outros.

Líderes também devem permitir relações de amizade. Afinal, é o afeto que mantém a amígdala em um estado colaborativo. Dê espaço para expôr sua humanidade. A ideia é contraintuitiva, porque o debate da “cooperação contra conflito” é antigo. Economistas e cientistas comportamentais nunca tiveram um consenso.

No entanto, a neurociência demonstra os benefícios da cooperação. A mentalidade de lobo solitário é perigosa. Os casos em que a contribuição individual vence o esforço coletivo são raros. Nosso cérebro é programado para a conexão social e é inerentemente bom. As evidências crescentes da neurociência, psicologia e sociologia mostram que o “nós” importa mais do que o “eu”.

Treine sua persuasão

A persuasão é uma habilidade básica da liderança. Quem está na gestão precisa ser capaz de influenciar comportamentos. Os lobos frontais, as partes ligadas à racionalidade, raramente levam a respostas apaixonadas por si sós. Isso significa que as emoções também precisam ser exploradas na comunicação. 

Dirija a racionalidade, mas não deixe de motivar as emoções. Persuadir é uma habilidade que precisa ser treinada. Por isso, pratique. Líderes sem capacidade de persuasão são como carros sem rodas. Você pode usar os princípios do psicólogo Robert Cialdini como base. A prova social é um deles. Mostre como sua ideia é benéfica dando exemplos de pessoas que já a executaram. 

Outro princípio de Robert é o do gostar. Tendemos a agir quando solicitados por pessoas das quais gostamos. Por isso, não deixe suas relações de lado. Seja apresentável, educado e amável. A reciprocidade também aparece entre as bases defendidas pelo psicólogo. Aja com os outros da forma que gostaria que agissem com você.

Notas finais

As ciências administrativas criaram um bom modelo de liderança. Ainda assim, imperfeito. Nikolaos Dimitriadis e Alexandros Psychogios mostram como a neurociência pode aperfeiçoar a liderança e contrariar a sabedoria convencional sobre o assunto.

Dica do 12min

A neurociência não é só útil para a liderança. Você pode colher lições para outras práticas da vida, como a meditação. É o que mostram Wolf Singer e Matthieu Ricard, no microbook “O cérebro e a meditação”. Confira no 12 min.

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Quem escreveu o livro?

Dr. Alexandros Psychogios é pesquisador e consultor de liderança e complexidade, com... (Leia mais)

Dr. Nikolaos Dimitriadis é escritor, consultor reconhecido internacionalmente e p... (Leia mais)

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